Estrela do mar

Quando era criança, ele levou um caldo na praia que o deixou desconfiado com a água durante muito tempo. A mudança de ânimo só aconteceria depois, quando os pais se mudaram
para Paraty, a bela cidade histórica do litoral sul do Rio de Janeiro. “Ate então eu via o mar como um obstáculo”, conta Amyr Klink. “Aos poucos, descobri que ele abre portas, que é caminho para qualquer lugar.”

Foi há 27 anos que, a bordo de uma canoa a remo, Amyr completou a solitária travessia de cem dias e 3 700 milhas pelo Oceano Atlântico, feito descrito no best seller Cem Dias entre o Céu e o Mar e que o tornou conhecido no Brasil e no mundo. Nos anos seguintes, fez uma histórica jornada à Antártica e duas vezes a circum-navegação polar – a primeira delas sozinho.

Sempre às voltas com barcos, longitudes e latitudes, reparando bem no humor das águas e dos ventos, Amyr acredita que seu exemplo ajude a despertar as pessoas para a importância do patrimônio natural. E lamenta que, com um litoral de mais de 7 mil quilômetros, o Brasil venha tratando tão mal sua porção do oceano. “É um descaso que começou na colonização e se comprova na disposição dos prédios, pois vemos igrejas e antigos casarões construídos de costas para o mar e facilitando o despejo de lixo na água, algo que acontece até hoje.”

Otimista, ele observa transformações em curso. “Vivemos em ambiente de aparente fartura de água e por isso não cuidamos direito de nossos recursos. Felizmente isso está mudando e já se pode ver exemplos isolados de uma relação mais respeitosa com o mar.” Enquanto planeja a próxima grande viagem, o navegador brasileiro dissemina seu modelo de convivência com a natureza. Em terra firme, dedica-se a repassar conhecimentos sobre navegação para executivos e também para jovens carentes. Amyr sabe que isso é preciso.

Fonte: OMINT